O Ibovespa no Segundo Semestre de 2024
O Ibovespa enfrentou uma queda de 7,66% no primeiro semestre de 2024. Em contraste, o dólar subiu 15%, alcançando R$ 5,58. Esses dados refletem uma expectativa frustrada tanto no cenário interno quanto externo, levantando a questão: o que devemos esperar do Ibovespa e da economia no último semestre de 2024?
Impacto da economia Externa
Cenário Global
Analistas esperavam cortes nas taxas de juros dos EUA, mas isso não aconteceu. Inicialmente, eram esperados sete cortes, mas agora a previsão é de apenas um. Essa mudança reduziu a liquidez para economias emergentes, impactando os mercados financeiros globais.
- Expectativa Inicial: 7 cortes
- Previsão Atual: 1 corte
A condução da política monetária americana, combinada com as incertezas das eleições presidenciais de 2024 nos EUA, tem gerado expectativas mistas. Uma possível vitória de Donald Trump, por exemplo, poderia desvalorizar ainda mais o dólar.
Desafios Internos
Revisão das Metas Fiscais
No Brasil, a revisão das metas fiscais desagradou os investidores. O aumento dos impostos sem cortes de gastos gerou preocupações sobre a inflação futura e, consequentemente, sobre juros mais altos. Isso elevou o rendimento do Tesouro IPCA+ para 6,3%.
Projeções do Relatório Focus
O Relatório Focus mostrou um aumento nas projeções de inflação e na taxa de câmbio para dezembro. A volatilidade no câmbio e na bolsa deve continuar, influenciada pelo cenário internacional e pela crise fiscal interna.
- Inflação: 4% a 5%
- Taxa de Câmbio: R$ 5,20
- Crescimento Econômico: 2%
Perspectivas para o Segundo Semestre
Estratégias de Investimento
O estrategista Gustavo Cruz, da RB Investimentos, acredita que um possível corte nas taxas dos EUA pode destravar valor no Ibovespa, que deve chegar a 130 mil pontos até dezembro. A Ágora Investimentos vê oportunidades na renda variável, especialmente em ações de boas pagadoras de dividendos e empresas ligadas a commodities e setor financeiro.
- Ibovespa: 130 mil pontos até dezembro
Renda Fixa em Foco
A remuneração dos títulos atrelados à inflação, como o Tesouro IPCA+, está em um patamar “raro” de 6%. Porém, a trajetória futura dependerá das discussões fiscais no Brasil e do cenário externo.
Título | Rendimento Atual |
---|---|
Tesouro IPCA+ | 6.3% |
O Conselho Monetário Nacional restringiu a emissão de títulos isentos de IR, o que, por sua vez, abriu espaço para novas empresas no mercado de capitais. Esse desenvolvimento pode, portanto, apresentar oportunidades interessantes para os investidores, ao oferecer novas alternativas de investimento e diversificação.
Desempenho dos Criptoativos
Primeira Metade de 2024
O mercado de criptoativos apresentou um desempenho robusto no primeiro semestre de 2024. Assim, neste período, o Bitcoin e o Ethereum registraram aumentos notáveis de 63% e 67%, respectivamente. Esse crescimento, por conseguinte, foi impulsionado em grande parte pela aprovação de ETFs (fundos negociados em bolsa) para essas criptomoedas. Como resultado, essa aprovação atraiu uma quantidade significativa de investidores institucionais. Assim, a entrada desses investidores no mercado não só confirmou a tendência de valorização, mas também potencializou ainda mais a valorização dos criptoativos.
- Bitcoin: +63%
- Ethereum: +67%
Expectativas para o Segundo Semestre
A expectativa é de um cenário positivo para as criptomoedas, especialmente se os dados econômicos dos EUA favorecerem cortes de juros. Além disso, as eleições americanas podem influenciar o mercado cripto.
Economia Brasileira no Segundo Semestre de 2024
Crescimento Econômico e Inflação
O Banco Central do Brasil (BCB) tem adotado uma estratégia de redução das taxas de juros, com o objetivo de apoiar a recuperação econômica. Assim, a inflação, que havia alcançado 4,5% em fevereiro, caiu para 3,9% em março. Em linha com a meta de inflação estabelecida em 3% para 2024, o BCB já efetuou um corte na taxa Selic, reduzindo-a para 10,75% em março. Espera-se que, ao longo do ano, o Banco Central continue com a política de cortes na taxa Selic, contribuindo assim para a continuidade da recuperação econômica.
Mercado de Trabalho
A taxa de desemprego caiu para 7.4% em março, com o crescimento do emprego acelerando desde outubro. Os salários nominais subiram 8.4% em março, ajustados pela inflação, resultando em um aumento real de 4.0%.
- Desemprego: 7.4%
- Crescimento dos Salários Nominais: +8.4%
- Aumento Real dos Salários: +4.0%
Desafios Fiscais
Balanço Primário
O governo brasileiro está enfrentando sérias dificuldades para equilibrar as contas públicas. A meta de alcançar um déficit zero para 2024 é amplamente considerada uma tarefa desafiadora, dado que o déficit público continua projetado para permanecer em níveis elevados. Além disso, a persistência desse déficit sugere que serão necessários esforços adicionais significativos para atingir os objetivos fiscais estabelecidos.
- Meta de Déficit Zero para 2024: Difícil de alcançar
- Projeção de Déficit Público: Alto
Medidas de Arrecadação
A administração busca aumentar a arrecadação em vez de cortar gastos, com medidas como a simplificação do sistema tributário e a taxação de fundos offshore. Além disso, o governo tem como meta alcançar um saldo primário de 0.5% do PIB em 2025 e 1% do PIB em 2026.
- Meta para 2025: 0.5% do PIB
- Meta para 2026: 1% do PIB
Desempenho da Agricultura
A produção agrícola teve um início forte em 2023, mas enfraqueceu no final do ano. A colheita de soja deste ano não deve atingir os níveis do ano passado, e a falta de chuvas ameaça as plantações de milho. As exportações agrícolas caíram 20.8% em março comparado ao ano anterior.
- Queda nas Exportações Agrícolas: -20.8%
Oportunidades de Crescimento
Investimentos e Gastos do Governo
O crescimento do investimento fixo bruto, aliado ao aumento dos gastos do governo, sugere uma possível recuperação econômica. Além disso, a flexibilização das condições monetárias promovida pelo Banco Central do Brasil (BCB) está prevista para proporcionar alívio significativo tanto para consumidores quanto para empresas. Esse alívio, por sua vez, deve incentivar não apenas o consumo, mas também impulsionar os investimentos em diversos setores da economia.
Exportações e Setor Externo
Embora o crescimento global fraco possa limitar o desempenho das exportações brasileiras, espera-se que o setor agrícola recupere algum fôlego, sustentando os níveis de exportação. O real enfraquecido pode favorecer a competitividade das exportações brasileiras.
Considerações Finais
O cenário econômico brasileiro e internacional apresenta desafios e oportunidades. A volatilidade deve continuar no segundo semestre de 2024. Será crucial que os investidores prestem atenção às mudanças nas políticas monetárias e fiscais. O Banco Central do Brasil deve continuar a cortar taxas de juros, apoiando a recuperação econômica, enquanto o mercado de trabalho e o consumo interno permanecem relativamente fortes. Em um ambiente externo incerto, a diversificação e a cautela serão essenciais para navegar pelas complexidades econômicas.
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